Grupo suspeito de golpe que prometia um 'octilhão' a fiéis é alvo de nova fase de operação da polícia
30/01/2025
Em 2023, investigação revelou que suspeitos fizeram mais de 50 mil vítimas. Mandados de busca e apreensão e medidas cautelares foram cumpridas nesta quinta-feira (30). Delegado explica como atuava grupo em esquema criminoso de investimentos
A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (30), uma nova fase da operação que investiga um grupo suspeito de praticar golpes financeiros contra mais de 50 mil vítimas em todo o Brasil e no exterior. A primeira ação ocorreu em 2023.
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De acordo com as investigações, o grupo era composto por pastores que induziam fiéis que frequentavam suas igrejas a pensar que eram abençoados a receberem grandes quantias. Os suspeitos usavam uma teoria conspiratória conhecida como “Nesara Gesara e prometiam lucro de até um octilhão de reais (veja detalhes abaixo).
Então, você pode dar R$ 20 e ganhar um milhão de dólares. Pode dar R$ 2 mil e ganhar centilhões de euros de bilhões. O valor máximo é inimaginável. Já ouvi coisas, realmente, que beiram o absurdo, mas as vítimas caem, diz o delegado Marcos Sepulveda.
Nesta fase da operação, os policiais cumpriram 15 mandados de busca e apreensão contra os principais membros em atividade no Distrito Federal e seis estados:
Goiás;
Minas Gerais;
Pará;
Paraná;
Santa Catarina;
São Paulo.
Segundo a Polícia Civil, cinco dos alvos da operação se apresentavam como líderes religiosos.
Também foram cumpridas medidas cautelares de bloqueio de valores, bloqueio de redes sociais e decisão judicial de proibição de utilização de redes sociais e mídias digitais. Foram apreendidos documentos, falsos títulos financeiros e até supostas notas do Zimbábue, que, na versão dos suspeitos, valem US$ 100 trilhões, de acordo com a polícia.
Supostas notas do Zimbábue apreendidas em operação conta grupo suspeito de golpe que prometia um 'octilhão' a fiéis
Divulgação
O grupo agia nas igrejas, durante os cultos, e também nas redes sociais. Algumas vítimas tiveram perdas milionárias, mas, segundo a polícia, em muitos casos os estelionatários se valiam de um grande volume de pequenos investimentos.
Na operação desta quinta, a Justiça autorizou o bloqueio de R$ 7,9 milhões dos investigados. Eles devem responder por estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Delegado da PCDF fala sobre grupo suspeito de golpe que prometia um 'octilhão' a fiéis
Entenda o esquema
Pastor Osório José Lopes, de Goiás, suspeito de aplicar golpes
Reprodução/YouTube
Em 2023, a Polícia Civil apontou que o grupo movimentou R$ 156 milhões em 5 anos, além de criar 40 empresas fantasmas e movimentar mais de 800 contas bancárias suspeitas. De acordo com as investigações, os suspeitos usavam redes sociais para cometer os golpes.
O objetivo era convencer as vítimas a investirem suas economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias. O pastor Osório José Lopes Júnior foi um dos alvos presos na operação de setembro de 2023.
A Polícia Civil afirma que o grupo era composto por 200 integrantes, incluindo dezenas de pastores. A investigação aponta que os investigados prometiam retorno imediato e rentabilidade estratosférica.
Foi detectada, por exemplo, a promessa de que somente com um depósito de R$25 as pessoas poderiam receber de volta nas “operações” o valor de Um Octilhão de Reais, ou mesmo “investir” R$2 mil para ganhar 350 bilhões de centilhões de euros, apontam os investigadores.
Em seguida, ainda segundo as investigações, os suspeitos criavam pessoas jurídicas fantasmas para simular instituições financeiras digitais com alto capital social declarado. A intenção era dar aparência de veracidade e legalidade às operações financeiras.
Segundo a Polícia Civil, as vítimas assinavam contratos falsos, com promessas de liberação de quantias desses investimentos, que estariam registrados no Banco Central e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).
Segundo o delegado responsável pelo caso à época, Marco Aurélio Sepúlveda, os golpistas recebiam dinheiro dos investidores diariamente (veja vídeo no início da reportagem). O delegado explicou que as vítimas compravam cotas oferecidas pelos criminosos com a promessa de que o dinheiro investido geraria lucros muito grandes no futuro.
'Octilhão' existe?
O número parece inventado e até o corretor ortográfico estranha a escrita. Mas, afinal, esse número existe?
Sim, ele existe na escala numérica! Afinal, os números são infinitos, explica Ricardo Balistiero, que é doutor e professor de economia no curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).
Entretanto, é impossível aplicá-lo em uma escala financeira realista - o octilhão tem três vezes mais zeros do que o bilhão.
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